O Casamento Gay e o Evangelho

Manifestação contra casamento gay: cristãos interferindo na vida alheia. 
Crédito Imagem: Fibonacci Blue

O cristão deve interferir na vida sexual de descrentes?


Jesus foi o  precursor dos direitos humanos, ele não pregou para obrigar a população a agir de um jeito, primeiro ele deixou claro que as pessoas teriam liberdade de escolhas religiosas e civis nesse mundo e que o Evangelho é um convite a uma mudança e aproximação com Deus. 

Recentemente, alguns políticos autodeclarados cristãos conseguiram fama ao bradarem contra o casamento gay e se envolverem em tensões com os grupos LGBTs, mas com que base bíblica eles lutam contra o o casamento gay? 

Nenhuma, pois eles não vivem atualmente num sistema teocrático, e sim numa democracia.

Epístolas de Paulo

Nos ensinamentos das epístolas relativos à moral, Paulo está falando com a Igreja, isto é, a quem já aceitou Jesus, assim, o apóstolo traz ensinamentos para cristãos, e não para descrentes! Tentar forçar os descrentes a viverem de determinada forma é ilógico e desvia o objetivo dos textos bíblicos.


É verdade que antes de Jesus haviam as leis de ordenanças, essas leis serviam como base para tomar satisfações das pessoas contra adultério, homossexualismo etc. A lei existente naquela época de fato obrigava uma forma de comportamento e interferia na vida de quem se desviasse das normas de condutas estipuladas por Deus, detalhe: essa lei dizia respeito aos judeus, quer dizer, um povo especifico fazia uso dela. Porém, com a Nova Aliança  não há mais essa interferência na vida das pessoas.

A lei já teve seu papel cumprido de mostrar o pecado e sua consequência, os cristãos então pregariam exclusivamente o Evangelho com a ética de Cristo, as pessoas têm o direito de aceitar ou rejeitar, é um convite.


Hipocrisia


Assim como o homossexualismo, o adultério e o casa-descasa dentro das igrejas também são consideradas transgressões contra os ensinamentos de Deus, basta ler Mateus 19:9, a única condição para novo casamento de um cristão (pessoa que já tinha o entendimento da doutrina) é quando a chamada cláusula de exceção é atingida com a fornicação/traição de um dos conjugues. 

O curioso é que não se vê os mesmos políticos ou pastores, que lançam discursos inflamados a favor de cercear a liberdade dos descrentes, agirem para impedir novo casamento para divorciados frequentadores de igrejas. Divórcio é defesa da família? Por que dois pesos e duas medidas?

Há, inclusive, pastores e pastores-políticos que se dizem cristãos trocando de esposas ou celebrando casamentos contraditórios no contexto cristão, uma jacobice que alimenta a antipatia pelas denominações religiosas ou até mesmo pelo cristianismo.


Futuro predito


Em porções proféticas da Bíblia foi dito que o mundo se afastaria cada vez mais de Deus, ou seja, é informação dada pelo Deus Onisciente que o mundo tende ao caminho inverso da vontade de Deus. O cristão não pode mudar isso na marra!

Alguns podem até dizer que isso não elimina o esforço  ou "dever" de impedir uma união gay, porém não é isso que está no Evangelho. Impedir que pessoas descrentes do mesmo sexo se unam legalmente na lei dos homens e chamem essa união de casamento ou de qualquer coisa que seja não vai acabar com o homossexualismo.

Atacar diretamente a homossexualidade trazendo todo o foco pra isso e deixar Jesus como coadjuvante não é a forma correta, no livro de Atos (cap.18), por exemplo, Paulo aparece pregando para os gentios gregos, ele mostra como a filosofia dos deuses gregos era fraca e nonsense, ele primeiro prega o Deus criador, a Ressurreição e o arrependimento de superstições idólatras,Paulo não prega doutrinas comportamentais para os gregos pagãos, essa intromissão é um erro lógico cometido pelas bancadas evangélicas e católicas nos dias de hoje, quando insistem em se meter na vida sexual alheia, ignorando que a pregação doutrinária é para os já convertidos.


A santificação,uma vida conforme os planos de Deus, virá da conversão dos descrentes (como aconteceu naqueles dias em Atenas com o episódio de Paulo), pregar a santificação para converter é o inverso do que foi ensinado, a santificação é consequência e não a causa, não há sentido em falar para um indivíduo que não aceitou verdadeiramente Jesus como Senhor de sua vida, que ele tem que ter um determinado comportamento de acordo com o ratificado pelo mesmo Jesus que ele não tem convicção.


E a adoção de crianças por casais gays?

Quem é cristão (no sentido verdadeiro da palavra) sabe que não é ético abandonar um filho para a adoção, assim, não irá fazê-lo. Se for querer proibir a adoção de crianças por "casais" gays, terá que proibir também por pais adúlteros, violentos, beberrões, fornicadores e todos que têm comportamentos transgressores a Deus. 

Isso seria incontrolável, o cristão tem que se preocupar em dar bom testemunho e não em querer modificar o mundo na marra.


Jesus e a Introspecção

João 8:7 "Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra."

Jesus nesse episódio podia muito bem ter determinado que o povo não apedrejasse a mulher, mas não, Ele agiu na consciência daqueles indivíduos.


Conclusão:

Não vivemos numa teocracia dos tempos de Moisés, vivemos numa democracia, onde temos que conviver com pessoas de diferentes ideologias, não temos que sair fazendo manifestações contra o casamento gay ou aborto. As pessoas que aceitaram o convite do Evangelho saberão quais são as coisas que diferem do direcionamento dado por Deus e que todas as transgressões contra Deus têm consequências espirituais e físicas, obviamente não vão querer praticá-las mesmo tendo uma lei humana que lhes deem tais direitos. 

Entrar em brigas com o sistema para tentar regular a vida do descrente não tem relação com a mensagem do Evangelho, a mensagem de Cristo não é uma imposição.